No dia 14 de Novembro, sexta-feira, narrou-se uma história com discurso na primeira pessoa... cujo título "CORES QUE SE AMAM" é do escritor Paco Abril, Everest Editora 2005.
Estava eu calmamente a brincar no meu quarto quando, de repente, me assustei com os gritos que vinham da rua.
Depois barulhos de janelas a abrir e perguntas angustiadas: "- O que se passa?"; "-O que aconteceu?"
No meio do alvoroço, ouviam-se palavras que eu nunca tinha escutado antes. Soavam doridas, tristes, desconsoladas. Falavam sobre um disparo... E que havia uma mulher de cor deitada no chão.
De que cor seria?
Não sei porquê mas imaginei-a Verde.
Depois ouvi a minha avó a dizer baixinho:
- Baixem a voz, vão assustar o menino.
O menino sou eu.
Chamo-me Luca.
Tenho cinco anos.
No espelho vi que a minha pele é negra, igual à do meu pai. Mas a minha mãe tem pele branca.
Sou feito de duas cores diferentes que se amam.
Digo isto ao espelho que sorri para mim do outro lado. O espelho é meu amigo.
Lá em baixo, os gritos continuam. Tenho medo.
Porque é que o medo mau me vem visitar se eu não quero?
Uma coisa estranha aperta-me a garganta. Sinto vontade de chorar.
Antes que as lágrimas cheguem aos meus olhos, aparece a minha avó Dolores, como uma fada boa.
Pega-me ao colo, abraça-me e diz palavras mágicas que trazem alegria.
Eu rio-me.
O riso espanta o medo.
E ele sai a correr, assustado.
Este livro é dedicado a Lucrecia Pérez que voou para Espanha vinda da República Dominicana à procura de cores que se amassem, e morreu assassinada pelos bárbaros que querem impor-nos à força uma só cor, a cor do ódio.
Estava eu calmamente a brincar no meu quarto quando, de repente, me assustei com os gritos que vinham da rua.
Depois barulhos de janelas a abrir e perguntas angustiadas: "- O que se passa?"; "-O que aconteceu?"
No meio do alvoroço, ouviam-se palavras que eu nunca tinha escutado antes. Soavam doridas, tristes, desconsoladas. Falavam sobre um disparo... E que havia uma mulher de cor deitada no chão.
De que cor seria?
Não sei porquê mas imaginei-a Verde.
Depois ouvi a minha avó a dizer baixinho:
- Baixem a voz, vão assustar o menino.
O menino sou eu.
Chamo-me Luca.
Tenho cinco anos.
No espelho vi que a minha pele é negra, igual à do meu pai. Mas a minha mãe tem pele branca.
Sou feito de duas cores diferentes que se amam.
Digo isto ao espelho que sorri para mim do outro lado. O espelho é meu amigo.
Lá em baixo, os gritos continuam. Tenho medo.
Porque é que o medo mau me vem visitar se eu não quero?
Uma coisa estranha aperta-me a garganta. Sinto vontade de chorar.
Antes que as lágrimas cheguem aos meus olhos, aparece a minha avó Dolores, como uma fada boa.
Pega-me ao colo, abraça-me e diz palavras mágicas que trazem alegria.
Eu rio-me.
O riso espanta o medo.
E ele sai a correr, assustado.
Este livro é dedicado a Lucrecia Pérez que voou para Espanha vinda da República Dominicana à procura de cores que se amassem, e morreu assassinada pelos bárbaros que querem impor-nos à força uma só cor, a cor do ódio.
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