sexta-feira, 12 de outubro de 2007

INDIGNAÇÃO

Estou em perfeito estado de indignação e, quando assim acontece tenho que o expressar.
Mas esta indignação tem uma enorme tristeza à mistura. Direi que estou desolada!
A sentença de morte dos pinheiros da escola, vai passar à prática, amanhã. Há árvores que não chegam a morrer de pé e, ainda jovens, vão ser abatidas como se de inimigos se tratassem. Perguntarão qual o “seu pecado” para tamanha sentença? São pinheiros! E, como tal, “habitações” propícias às processionárias. Essas lagartas causadoras de alergias aparecem em determinadas épocas do ano, como outros seres vivos. Mas, há tratamentos próprios a aplicar no terreno e na vegetação para esse efeito e, em anos transactos a Câmara Municipal de Valongo teve esse cuidado. Inesperadamente surge esta resolução que, segundo a Associação de Pais é um desejo colectivo dos encarregados de educação. Eu, em pleno século XXI fico espantada. Então para quê Pelouro do Ambiente da Câmara? Numa época em que há redobrada atenção para o abate de árvores, para a preservação ambiental, como pode isto acontecer? Como se não bastasse há a praga dos incêndios que anualmente consome as florestas. Também mesmo ao lado da escola isso aconteceu e a paisagem ficou lindíssima! Agora vão abater os pinheiros viçosos. Ficamos com a panorâmica queimada , negra e castanha dessa mata lateral.

Por favor, não me falem mais em Educação Ambiental. Não me venham com propostas de projectos camarários, ligados ao ambiente. EU NÃO BRINCO ÀS ECOLOGIAS!!!!
A minha seriedade na vida é estrutural e, só consigo envolver-me naquilo em que
acredito. E, por isso sofro, entristeço-me, questiono mas, também me empenho, me envolvo, vibro de alegria. Sim, eu vivo a escola com prazer, dedicação e coerência. E, para mim as matérias da escola não são teorias bem construídas que as crianças têm que papaguear. De que vale falar em preservar a floresta e cortar árvores no Natal? De que vale insistir na colocação do lixo nos cestos da escola e atirar um extracto do Multibanco para o chão da rua? …

Hoje passei na minha escola do 1º ciclo que frequentei há 34 anos atrás. Também tinha pinheiros! Tinha?...TEM porque felizmente não fica em Sobrado mas, no Porto!
Estão enormes, tratados e VIVOS! Vejam:

9 comentários:

Carla Alex S Santos disse...

A tua tristeza e desolação é a minha também... Lamento que as coisas sejam assim. Sempre gostei da escola de Paço e de lá trabalhar pela sua localização num meio tão natural... E agora vou perder a minha natureza...
Confundiram-se as necessidades de limpeza do mato com outras situações e a solução mais fácil é sempre a mais radical.
Os pinheiros nunca predudicaram em nada as crianças. Podem argumentar com as alergias das lagartas, dos poléns...mas vão sempre esquecer que a Escola de Paço tem outras situações que prejudicam muito mais o processo de ensino/aprendizagem... questiono-me se depois do abate dos pinheiros vão proceder ao arranjo dos espaços do recreio, limpando todas as pedras soltas, terras e areias que deslizam monte abaixo, e que sem os pinheiros se agravará com a chegada da chuva.
E se já me visto frequentemente de negro, segunda-feira vou trabalhar com a alma de luto.

Rosa Soares disse...

Também me encontro triste com esta situação anti-educação ambiental.
A limpeza do mato concordo, é sempre necessária e obrigatória perante a lei, a uma distância aproximada de 5 metros dos edifícios mas, o abate de pinheiros por causa de alergias causadas pela lagarta é indiscutível. Há tratamentos para evitar o surgimento da lagarta e é precisamente agora, em Outubro a altura mais adequada para o fazer. Estou nesta escola há 10 anos e, o único ano em que se sentiu a necessidade de solucionar o problema da lagarta foi precisamente há dois anos atrás.Talvez, devido ao clima ameno e seco a lagarta surgiu em grande quantidade. Houve um tratamento em finais de Março, pulverização. O técnico responsável pelo tratamento explicou-me que a época adequada seria o mês de Outubro, fazendo-se uma perfuração no solo de x em x metros. Em Outubro de 2006, esse mesmo senhor telefonou para a escola a fazer a marcação do tratamento, para a um Sábado. No dia anterior ao estabelecido, desmarcou alegando que o tempo estava húmido, chovera e, não era aconselhável proceder ao tratamento. Quando o tempo melhorásse fazia nova marcação... até hoje, ninguém apareceu!
Sinto-me indignada pela posição radical de todas as entidades envolvidas e, questiono-me também de forma radical:
- Após o abate dos pinheiros, vão proceder à plantação de àrvores no seu lugar?
Vou contar o nº de pinheiros abatidos para verificar se corresponde ao nº de árvores que os vão substituir.
-Após o abate dos pinheiros, vão proceder ao arranjo dos espaços de recreio? Vão limpar a acomulação de areias e pedras no logradouro da escola que deslizam constantemente para o escoamento de águas? Vão elevar os muros para que tal seja evitado?
Nos dias de chuva, a entrada da escola, fica um caos! Para escaparmos às poças de água e lama, andamos aos saltinhos... Vamos ver se tudo ficará resolvido!
Mas, uma coisa é certa... Aquilo em que sempre acreditei,valorizei, transmiti e fiz desenvolver nos meus alunos a ideia de Preservação do Ambiente... Tudo foi inutil, tudo foi em vão...
Enquanto houver formas de pensar diferentes das de agir, o futuro da nossa cultura não se desenvolverá. Fala-se tanto em cidadania, em preservação ambientar... São temas que estão na moda, é bonito falar neles... fazer projectos, envolver a sociedade... Já dizia a minha avó, um ditado bem antigo: "Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço."

Rosa Soares disse...

...onde se lê preservação ambientar... deverá ler-se preservação ambiental...

Anónimo disse...

A tristeza das docentes é também a minha, partilho da vossa revolta e da indignação face a uma situação como esta. Realmente não entendo como se pode por um lado pregar ( ao que parece aos peixes) que é importante a preservação do ambiente blablabla e por outro cortarem as árvores. Em que país vivemos, será essa a educação para a cidadania que o concelho quer para os seus descendentes? Dizer uma coisa e fazer exactamente o oposto? Será que os ideiais da camara de valongo são só de papel ou para " inglês ver"? Não entendo. Como pode um concelho que ganha prémios de geoconservação, que cria projectos como o " Valongo Natura" e que depois ( quase à socapa) manda abater árvores? Será o velho ditado a funcionar " quem não tem nada que fazer deita a casa abaixo e torna a erguer". Resta saber quando e se a vão de facto erguer! Fica a nota negativa para os responsaveis da " obra" e a indignação desta sobradense que não pretende calar-se nem ser omissa em casos como este.

Unknown disse...

Indignação é pouco!!!
sinceramente não quero acreditar...
trabalhei um ano nessa escola e sempre foi fantástico o contexto ambiental na qual se inseria.
Agora cortar as arvores... é o extremo!!
e depois la vamos nós em Março plantar mais uma arvore(prá fotografia)...enfim!!
Pensei que só era aqui em Lisboa, que se substituía o cinzento(do betão... do queimado) pelo único e carismático verde... sem comentários! Haja inconformismo, revolta e a repetida esperança... é o Portugal que temos!
Sorte e saudações para todos. Prof. Carlos

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Sinto-me honrado por ter uma colega professora que luta por uma causa tão nobre e tão humana como a defesa à vida destas árvores. O seu texto é uma inspiração.

Não desista, nunca.

Pedro Teixeira Santos

P.S. - Sugiro uma última tentativa: escreva uma carta dirigida ao presidente de Câmara. Aproveite este mesmo texto...Força!

Anónimo disse...

Partilho a vossa indignação pelo corte dos pinheiros.
Espero que ainda o consigam evitar.

Anónimo disse...

Faço minhas as palavras do Pedro. Força aí, que não estais sozinhos. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Anónimo disse...

É um mau exemplo para as crianças que vai contra tudo aquilo que nos esforçamos por lhes ensinar. Assim com atitudes dessas é difícil, sem dúvida.
Vivemos na época do facilitismo, infelizmente!
Cumprimentos